sexta-feira, 1 de abril de 2011

Santidade ao Senhor

SANTIDADE AO SENHOR (Éder Billy Carvalho)
Porque devemos ser santos?
Se Deus fizesse essa pergunta ao salmista, uma de suas respostas seria: porque “Fidelíssimos são os Teus testemunhos; à Tua casa ‘convém’ a santidade...” (Sl 93.5). Devemos ser santos porque convém que o sejamos.
Outra razão pela qual devemos ser santos é expressa nas palavras que o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios. A frase é clara e incisiva: fomos “‘chamados para ser santos’” (I Co 1.2).
Ainda fazendo citação de Paulo, em I Tessalonicenses, capítulo 4 e verso 3, está escrito que Deus “quer” que sejamos santos, “pois esta é a vontade de Deus: a ‘nossa’ santificação”.
Já no livro de Josué, as palavras que Deus lhe dirigiu não foram em tom de pedido, instrução ou desejo, mas em tom imperativo: “Dispõe-te, santifica o povo e dize: ‘Santificai-vos...’” (Js 7.13). Ao Seu povo e aos Seus servos, Deus “ordena” a nossa santificação.
Como podemos ser santificados? Quais são as fontes da santidade?
1-      A palavra de Deus: A primeira fonte de santificação que quero listar é a palavra de Deus. É fácil reconhecer o poder purificador das escrituras analisando as seguintes palavras de Jesus: “Pai... Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Não há como negar: a palavra de Deus lava nossa mente e coração.

2-      A Glória de Deus: “... para que por minha glória sejam santificados” (Ex. 29.43). Deus deixou claro nesta passagem que Sua glória é capaz de santificar Seu povo. Na inauguração do templo de Salomão, a glória do Senhor encheu a casa. Os sacerdotes não conseguiram ficar de pé quando isso aconteceu, o que nos leva a entender que a glória de Deus faz toda a carne humana (inclinação para o mal) cair por terra. A bíblia diz que (ainda na inauguração do tabernáculo de Salomão) quem estava fora não conseguia entrar. Isso quer dizer que quando esta glória enche o templo do Espírito Santo, que é o coração da pessoa que foi salva e passou a ser habitação de Deus, a glória preenche todos os vazios, não deixando espaço para o pecado, e tudo o que está fora (no ‘mundo’) não pode mais entrar. Foi em uma impactante experiência com a glória do Senhor que Isaías teve seus lábios purificados, e assim se viu apto para dizer “eis-me aqui” e ser enviado por Deus como profeta aos homens. 

3-      Deus, o Criador: O próprio Deus, como criador, tem o poder de santificar o homem. Esta verdade espiritual está claramente exposta nas palavras de Davi: “Cria em mim ó Deus, um coração puro” (Sl 51.10). Deus não precisa de matéria prima para criar qualquer coisa. Ele tem poder para, do nada, trazer à existência o que não existe. Se for precisa ele tira do homem o seu corrompido coração de pedra, e, para pôr no lugar, o Senhor cria um novo e puro coração.
Tendo respondido biblicamente as perguntas “porque devemos ser santos”, e “como podemos ser santificados” (ainda que de maneira sucinta), devemos agora definir o que é santidade. E a melhor forma de fazer isso de maneira não exaustiva é começar dizendo o que não é santidade.
1-      Santidade não é alienação ou isolamento: Muitas pessoas, quando pensam em “um homem santo”, logo imaginam um monge que fica em seus templos erigidos no alto das maiores montanhas, longe das pessoas e da vida urbana. Este modelo de santidade não é o modelo proposto na bíblia para os discípulos de Jesus. Se procurarmos na bíblia um personagem que se assemelhe à figura dos monges tibetanos de hoje, facilmente lembraremos de João Batista. Ele usava roupas diferentes das pessoas comuns, se alimentava de mel silvestre e gafanhotos (algo nada parecido com a alimentação da população em geral) e vivia no deserto onde pregava a palavra de Deus. A diferença entre João Batista e os monges, é que João realmente havia sido chamado para ser santo “no deserto”, longe dos lugares de maior concentração de pessoas (portanto ele estava certo em se isolar), enquanto que os monges estão errados em se alienarem do mundo. A profecia bíblica que se referia a João dizia: “...voz do que clama no deserto”, logo, o campo missionário que Deus designara a João era exatamente o deserto.   A palavra santidade significa “separação”, mas, devemos ser separados do que, do pecador ou de pecado? Somos discípulos de Jesus ou de João Batista? Jesus nunca precisou se isolar das pessoas para ser santo. Ninguém jamais foi perfeitamente santo como Jesus, todavia, o nazareno não viveu alienado da sociedade. Ele foi visto conversando com uma samaritana promíscua, ele foi visto entre os doentes e pobres, e entre os publicanos e pecadores. Jesus tocou o leproso, mas não se tornou leproso, e sim, o leproso é que ficou curado. Por isso ele disse: “entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele” (Mt 11.11). Jesus estava explicando que João representava o antigo modelo de santidade, pois ele foi o último dos profetas. Mas o reino dos céus implantado por Jesus exigia um novo modelo de santidade. Um modelo que separe o santo cristão do pecado e não do pecador, e neste novo modelo e neste reino, até o menor é maior do que João Batista. Façamos como os discípulos de João que o deixaram e passaram a seguir Jesus. Sejamos separados do pecado, mas não do pecador, pois santidade não é alienação.

2-      Santidade não é religiosidade: O lema estampado e exposto sobre a testa do sacerdote no Antigo Testamento é “Santidade ao Senhor”, e não aos homens (Ex 28.36). O conceito de santidade praticado pelos fariseus do tempo de Jesus foi duramente criticado por Cristo porque aqueles homens amavam o aplauso humano conquistado por um exibicionismo explícito praticado por eles mesmos. Era um exibicionismo descarado de supostas virtudes espirituais e morais. Eles oravam em voz alta, olhando para o céu e dizendo a Deus que eram dizimistas e “não pecadores”. Eles jejuavam e mantinham uma aparência abatida, para que todos vissem e soubessem que eles estavam sofrendo com a fome “por amor à religião”. Jesus denuncia tudo isso dizendo que o lugar ideal para a oração é o oculto do quarto, e não as praças públicas. Paulo instrui Timóteo dizendo-lhe que procure apresentar-se a Deus, e não aos homens, como obreiro aprovado. Definitivamente, hipocrisia e religiosidade, em nada se parecem com a verdadeira santidade.

   
3-       Santidade não é perfeição Paulo inicia suas cartas referindo-se aos destinatários como “chamados para a santidade”, “santos”, “santificados em Cristo”, etc. Mas, no decorrer destes tratados, o apóstolo expõe as fraquezas, falhas e pecados destas mesmas pessoas, as quais introdutoreamente ele considerou santas. Todos nós fomos santificados em Cristo, mas se dissermos que não pecamos, estamos mentindo, e mentir é pecado. Ora, não foi Davi o homem segundo o coração de Deus? O próprio Deus testifica deste homem dizendo: “Achei a Davi”. Contudo, este mesmo homem cometeu um terrível pecado. Porque tudo que há no mundo é a concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida. Com a concupiscência dos olhos ele viu Bateseda e cobiçou-a. Com a concupiscência da carne ele trouxe-a para si e tomou-a, e com a soberba da vida ele mandou matar Urias, marido de Bateseba. Indubitavelmente, Davi não foi perfeito. Porém, escrevendo o salmo 51, Davi expressa todo o seu sincero arrependimento: “Pequei contra Ti... e fiz o que é mal perante os Teus olhos... em pecado me concebeu minha mãe...”. Um santo é um homem pecador e imperfeito que quando erra, arrepende-se, e levanta-se para prosseguir a caminhada de santidade ao Senhor. Santidade cristã não é perfeição. Se Deus nos cobrasse perfeição, onde estaríamos? Por isso Ele nos diz: Filhinhos, não pequeis, mas se pecardes e confessardes os vossos pecados, Ele é fiel e justo para vos perdoar, pois o sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo vos purifica de todo o pecado.     
O que é ser santo?
                Ser santo é ser sedento de Deus.  
“Quem subirá (passo a passo) ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no Seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente” (Sl 24. 3-4)
                Limpo de mãos, puro de coração, livre de falsidade e verdadeiro em todo o seu falar, são quatro características de santidade encontradas no verso supra-citado. Todas elas são características encontradas na pessoa que está disposta a subir ao monte do Senhor.
                O texto não está dizendo que após subir ao monte do Senhor, o homem receberá mãos limpas, coração puro, etc. O texto está dizendo o contrário. O homem que for purificado e santificado pela palavra de Deus, por Sua glória e por Seu poder criador, recebendo assim limpeza para suas e mãos e principalmente um coração puro, este homem é que terá a sede pela presença de Deus, capaz de levá-lo a subir ao monte do Senhor, passo a passo.
                Só quem tem fome e sede de Deus é capaz de “pagar o preço” de subir ao monte do Senhor. Se queremos vencer a indiferença espiritual, a auto-suficiência, e a falta de sede de Deus, precisamos compreender e viver este grande lema da bíblia, a saber: Santidade ao Senhor!

Éder Billy Carvalho
A todos, graça e paz!!!
www.edercarvalho.com.br  


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O CAMINHO PARA O AVIVAMENTO

“E depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, e os vossos jovens terão visões. (Joel 2.28)”

O cumprimento da profecia

            Ao contrário do que dizem muitos pregadores que ainda esperam o cumprimento da profecia de Joel, Pedro deixou claro que este texto sagrado já se tornou uma realidade (At 2. 16-18). Ao cumprir-se o dia de pentecostes, cumpriu-se a profecia.  

Alguém pode perguntar: o que é avivamento?

            Digo-lhes que os quatro primeiros versículos do capítulo 2 de Atos descrevem o que poderíamos chamar de “manifestação do poder do Espírito”, e não o “avivamento” propriamente dito, como muitos pensam.
            O avivamento experimentado pela igreja de Atos está plenamente descrito somente no verso 41, o momento em que nova vida é gerada pelo Espírito na igreja, é a conversão de almas. Será que poderíamos dizer que a igreja de Atos realmente foi uma igreja avivada se milhares de pessoas não houvessem se convertido ao Senhor Jesus? Haveria acontecido o avivamento se os discípulos ficassem isolados no templo, nadando no “Espírito”? O avivamento só pode ser dito pleno quando os pecadores se arrependem e entregam suas vidas a Cristo. 
           
Três Passos para o avivamento:

1-    A Busca (At 1. 13,14): Os discípulos se reuniram no cenáculo, e em comunhão e oração buscaram a presença de Deus. Ali eles se consagraram esperando o cumprimento da promessa de Jesus. Não houve ativismo religioso. Eles não saíram vazios pelo mundo a tentar de alguma forma, por si mesmos, promover o avivamento. Houve o reconhecimento de dependência, por isso simplesmente buscaram a Deus em oração e adoração.

2-    O recebimento do Espírito (At 2.2): “Veio do céu um som”, “um vento impetuoso”, veio o poder de Deus. Cumpriu-se a promessa de Cristo. Jesus havia dito que se eles lhe obedecessem esperando em Jerusalém, do alto eles seriam revestidos de poder (Lc 24.49). Sem este poder, não poderia acontecer o avivamento. É o poder do Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo. Sem a unção de Deus, nossa mensagem se torna vazia, a oratória, inútil, e o esforço, em vão. É indispensável que sejamos cheios do Espírito para que haja o pleno avivamento.
3-    A pregação da Palavra (At 2.14): Após o recebimento do poder, Pedro se levanta e prega o evangelho à multidão. Aqueles curiosos que julgaram por bêbados os discípulos cheios do Espírito, não teriam se convertido apenas olhando o que estava acontecendo no cenáculo. Se Pedro, ou algum outro apóstolo não houvessem pregado a palavra, as quase 3000 almas não seriam salvas. Sem salvação de almas, não podemos dizer que o verdadeiro avivamento aconteceu, sem a pregação do evangelho, não pode haver salvação de almas, portanto, a pregação é indispensável para que haja o avivamento ao qual tanto desejamos.

Conclusão

            Deus tem um propósito em tudo o que faz. Quando o Senhor derramou poder sobre os discípulos, Seu propósito era capacitá-los a pregar o evangelho e salvar almas. Muitas igrejas clamam por poder, mas não clamam por almas. Certamente estas igrejas não receberão nem poder e nem almas, ou seja, não viverão o avivamento. Façamos nossas as palavras do apóstolo Paulo: “Ai de mim se não anunciar o evangelho” (I Cor 9.16). “Aviva a Tua obra ó Senhor! (Hb 3.2a)”.


Éder Billy Carvalho... A todos, Graça e Paz!!!



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Jesus Chorou

João 11.35
            Para mim, imaginar Jesus chorando é ter na mente a imagem de uma criança consciente derramando lágrimas.
            O leitor deve estar perguntando:
_Como assim, “criança consciente”? Que quer dizer isso?
O ser completo de Jesus era puro. Não é sem motivo que ele é chamado de “o segundo Adão”, pois era adulto e maduro, porém sem pecado, puro como uma criança.
            Jesus tinha emoções, como qualquer um de nós, e não fez questão de escondê-las. Amor, ira, alegria, tristeza... Todos esses sentimentos passaram pelo coração do mestre, mas nenhum deles conseguiu manchá-lo com pecado. O coração de Cristo era puro, portanto, suas lágrimas também.
            No capítulo 11 do evangelho de João, nos impressionamos ao ver que Jesus sabia que seu amigo Lázaro estava doente e que de fato iria morrer, mas também sabia que Lázaro iria ressuscitar após a simples oração que (Jesus) faria diante do túmulo:
            _Pai, graças te dou porque me ouviste... Lázaro, vem para fora!
Neste episódio, quando vê as pessoas chorando pela morte de Lázaro, Jesus não se contém e chora também. Como ele conseguiu chorar naquela situação, sabendo que Ele mesmo (a ressurreição e a vida), iria ressuscitar a Lázaro? Minha resposta: “A maior expressão do poder de Deus é o amor”.
            O poder que Deus tem sobre a natureza e sobre toda a criação é impressionante, mas esse poder nunca é acionado sem motivo algum, é por amor que o Senhor manifesta o Seu poder.
            Outros seres espirituais, como os demônios, também têm alguns poderes sobrenaturais, mas eles simplesmente não podem amar. Somente o Senhor, por Si mesmo é capaz de amar. E mais que isso, o amor é divino em sua essência, pois Deus é amor.
            Sabendo que tinha poder para alimentar e curar quantas pessoas quisesse, Jesus teve compaixão da multidão de famintos e enfermos, e por isso manifestou-lhes seu poder (Mt 14.14). Sabendo que Jerusalém ainda seria salva e exaltada (o que nacionalmente ainda está para acontecer), Jesus chorou por ela (Mt 23. 37,38). Jesus, como profeta, se especializou em fazer o que fez o profeta Ezequiel, sentar-se atônito junto dos exilados e compartilhar momentos de dor (Ez 3.15). Como amigo de Lázaro, Jesus estampou toda a sua humanidade divina e divina humanidade, e assim, Jesus chorou.
            A maior virtude que hoje o homem pode ter anda escassa, quase que em extinção, chama-se amor. Se é verdade que perto está o Senhor daqueles que tem um coração quebrantado (Sl 34.18), Deus está perto de poucos. Esses poucos são os que decidiram obedecer à palavra bíblica que diz: “que haja em vós o mesmo sentimento que ouve em Cristo Jesus” (Fp 2.5). É bom lembrar que o próprio Jesus disse: “...ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15.12). O amor é uma decisão, é um cultivo, é um exercício, mas acima de tudo ele é sobrenatural e divino. O amor é fruto do Espírito e não do homem. Este foi o maior poder com o qual a igreja de Atos foi revestida ao cumprir-se o dia de Pentecostes, o poder de amar. Se assim não foi, quem pode me explicar a capacidade que Estevão teve de, sendo apedrejado injustamente, perdoar seus assassinos? Quantos outros exemplos poderíamos citar, exemplos de homens dos quais o mundo não era digno? Sim meus amigos, a maior expressão do poder de Deus é o amor.         
            Ele disse em Sua palavra: “com amor eterno te amei” (Jr 31.3). Somente Deus é eterno, Ele é o Alfa e o Ômega. Ele sempre existiu e ninguém o criou. Ele sempre existirá, além do tempo, além do universo. Portanto, somente Ele poderia nos declarar amor eterno como o fez através do profeta Jeremias. Em Sua eternidade, Ele sempre nos amou. Ninguém mais pode amar assim, ao ponto de se entregar na cruz por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
            A capacidade que Jesus tem de se compadecer e amar é divinamente sobrenatural, por isso, diante do sofrimento de seus amados, o Senhor da Vida chorou. É fácil compreender: Jesus chorou porque amou, este é o nosso Deus.
            Quando você estiver sofrendo amargamente, quando estiver chorando sozinho e incompreendido por todos, lembre-se, Jesus chorou.

Éder Billy Carvalho... A todos, Graça e Paz!!!



 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Centenário da Assembléia de Deus no Brasil e a Trajetória do Apóstolo João: Histórias do Passado, Respostas para o Futuro

Diante deste ano em que comemoramos o centenário da Assembléia de Deus no Brasil, lembrei-me de um fato no mínino interessante: o apóstolo João morreu exatamente no ano 100 d.C.
Impossível não reconhecer que João tem muito a nos dizer nesta data significativa. Sua visão é profunda o suficiente para revelar a verdade sobre nosso passado e presente, e, ainda, profética ao ponto de lançar luz na direção dos nossos próximos 100 anos de história, se Cristo não voltar.
Experiências e visões de João

Visões e experiências reveladoras que o apóstolo João teve com Jesus, com a história e com a igreja

Logo em seu primeiro encontro com Jesus, João deixa seu pai e os negócios de sustento da família para trás, e parte para seguir o desconhecido, deixando-nos uma lição de desprendimento e fé. Esta foi a postura dos primeiros convertidos de nossa igreja. Em uma época de verdadeira aversão à fé pentecostal, somente uma experiência profunda com Deus poderia levá-los a uma decisão como esta.


João presenciou os inúmeros milagres no ministério de Jesus, bem como no ministério do colégio apostólico do qual ele mesmo fazia parte. Foram verdadeiras manifestações da graça e poder de Deus que suscitavam a fé de muitos pecadores. Nestes nossos 100 anos de história foram muitos os milagres. Há que se preservar, porém, a simplicidade de nossos primeiros missionários, pois eles não aceitavam a glória pelos milagres. É triste constatar que alguns ministros de hoje fizeram deles (os milagres), vitrines e comerciais de autopromoção. Não foi isso que João viu em Jesus, pois o mestre, por vezes, ordenava aos curados que a ninguém o dissessem (Lc 5.14). Se não tivermos o mesmo foco de Jesus, glorificar somente a Deus através dos milagres, eles ficarão cada vez mais escassos.


O discípulo amado teve também o privilégio de assentar-se nos bancos da escola teológica do Mestre dos mestres por várias vezes. Sermões, parábolas e atitudes didático-pedagógicas de Jesus nortearam o ministério do apóstolo do amor. Tendo testemunhado a importância que Jesus dava para o ministério do ensino, se visse o quanto alguns de nós desprezam tal ministério, talvez diria: “Não provém o vosso erro de não conhecerdes as escrituras?...” (Mc 12.24) Louvado seja Deus pelos verdadeiros mestres que temos hoje, ainda.


Dentre os discípulos, João foi o único a ver, de perto, Jesus na cruz. Ele nos poderia falar sobre a mensagem da cruz como ninguém. Este filho de Zebedeu esteve à mesa com Cristo na última páscoa. Nesta cena somos constrangidos a repensar o nosso amor e a nossa capacidade de conviver em comunhão com Cristo e com Seu corpo. Agora, diante da cruz, ele vê o próprio corpo de Jesus sendo partido como o pão, e o seu sangue sendo derramado como o vinho. Na cruz se encontraram o amor, a graça e a salvação para todos. Diante deste quadro fica-nos fácil compreender que só chegamos até aqui (2011 d.C) por causa dela, a cruz de Cristo. E só poderemos prosseguir se for por ela, o punhal que feriu o crânio da morte, a saber, o calvário.


Nosso apóstolo foi o primeiro a chegar ao sepulcro vazio, e o próprio texto (Jo 20.8) traz-nos um detalhe importante, “... e creu.” Assim como sua esperança renasceu ao testemunhar a ressurreição de Jesus, por certo o apóstolo do amor lançaria um olhar de esperança na direção do futuro. Folhando nossa Harpa Cristã, provavelmente seus olhos repousariam sobre o hino n° 545: “Porque Ele vive, posso crer no amanhã...”. Então, que venham os próximos 100 anos.


O evento do pentecostes inspirou a tônica da missão de nossos desbravadores suíços, a obra do Espírito Santo. O poder do Espírito sobre os que se reuniam no cenáculo, o sermão de Pedro e as primeiras conversões certamente marcaram para sempre o coração de João. Se ele visse o quanto, hoje, somos capazes de separar o poder do Espírito da pregação do evangelho, ficaria abismado. O poder de Deus vem com o propósito de nos levar aos perdidos, e não com o propósito de nos prender no templo, mantendo-nos “espiritualmente” acomodados. João contemplou e fez parte de uma igreja missionária, pois nem mesmo a perseguição os impediu de ganhar almas, pelo contrário, ela os levou ao mundo. Cada crente deve ser um evangelista. Foi com este sentimento que Daniel Berg e Gunnar Vingren pregaram o evangelho neste país, cem anos atrás. Sigamos tais belos exemplos.


João observou os fatos históricos de sua época. A morte de Herodes e a revolta judaica, por exemplo. A glória que Herodes chamou para si levou-o para a sepultura (At 12.23). A visão humana e meramente política que os judeus tinham a respeito do reino de Deus levou-os a se revoltarem contra o império romano, e isso lhes custou a destruição da cidade e do templo de Jerusalém, façanha romana conquistada sob o comando militar de Tito. Certamente João lembrou-se das lágrimas que Jesus derramou quando olhava para Jerusalém e profeticamente contemplava esta tragédia consumada no ano 70 d.C. João viu o quanto uma religião (mesmo instituída por Deus) apegada ao sistema está fadada a perder a visão espiritual e deixar passar a redenção para abraçar a destruição. Esta verdade nos é elucidada quando lemos a lamentação de Cristo, o Messias:

_Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos como a galinha ajunta os de seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa ficará deserta...

Enquanto formos uma assembléia de Deus, estaremos seguros debaixo de Suas asas, mas se um dia nos tornarmos assembléia de homens, a destruição virá.


Como se não bastasse, o discípulo amado teve conhecimento da morte dos 11 apóstolos, e também da morte de Paulo, pois ele, João, foi o último a morrer. Confesso que não consigo escrever tais palavras sem sentir meu coração embargado de emoção. Uma geração vai, mas que geração é esta que vem? Estamos prontos a assumir a responsabilidade e levar a missão adiante? João, certamente faz parte da “tão grande nuvem de testemunhas (Hb 12.01)” que assiste ao desenrolar da história, e qual será o papel que estamos assumindo nela? Dentre as sete igrejas descritas por João, de qual delas fazemos parte? Oro a Deus para que Seu Espírito me guie a toda a verdade, para que ao fim da caminhada eu possa dizer algo como: “pelo que... eu não fui desobediente a visão celestial” (At 26.19), “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé (II Tm 4.7)”.


Este é o ano de comemorarmos nosso centenário, evidentemente não podemos nem vamos deixar de fazê-lo. Mas, quando, pois, vier o Filho do homem, nos próximos cem anos, se é que teremos tanto tempo assim, por ventura achará fé na terra? Ao certo, eu não sei. Em Patmos o discípulo amado viu o Apocalipse. O que fez da igreja primitiva uma igreja vencedora foi a esperança que tinham de que a volta de Cristo não tardaria. Sinto-me seguro em lhes afirmar que eles não pensavam nos próximos cem anos (era tempo demais para eles), e sim nos próximos instantes. O fim vem, e João o viu, quem tem ouvidos, ouça:


“E agora, filhinhos, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por ele na sua vinda” (I Jo 2.28).


“Este é o discípulo que testifica dessas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro” (João 21.24).




Éder Billy Carvalho... A todos, Graça e Paz!!!
12/01/2011


www.myspace.com/cantoredercarvalho

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Alegria em meio às provações, que fé é esta? (Parte 1) Pb. Esdras Carvalho

Pb. Esdras Carvalho é Pastor da Igreja Sede da Assembléia de Deus em União da Vitória - PR
Conferencista, Professor de Hermeneutica, Metodologia da Pesquisa, Oratória (em faculdades Teológicas), entre outros... Pai de dois filhos (Jader e Jeniffer) e marido de Gisele.

Tenho orgulho de ser seu irmão, que o Senhor o abençoe!